Caindo. Despencando em um abismo sem fim. Meu corpo parece imóvel enquanto as pedras passam apressadas por mim. Elas se aproximam. O espaço vai se fechando à minha volta. Meu cárcere, agora imóvel, é macio ao toque. Me encontro dentro de uma esfera quente e úmida que começa a pulsar. Passo a não sentir mais nada, não vejo mais nada. A escuridão me toma e tudo o que resta é o nada. Abro os meus olhos e me vejo no meio de uma rua. As pessoas que passam apressadas por mim se vestem todas iguais, elas não tem rosto. O ar se torna pesado e me sinto sufocar. As pessoas ao meu redor não notam minha angústia. Elas estão muito ocupadas, muito apressadas. Seguem sempre em frente, alheias ao mundo ao seu redor. Não olham para trás, para o caminho que as trouxe até ali e nem para o lado, para aqueles que os acompanham. Muitos caem assim como eu, enquanto aqueles que se mantem de pé passam por cima de nós sem nunca desviar de seu caminho, sem ao menos desprender um olhar àqueles que foram deixados para trás. O mundo à minha frente começa a embaçar, e a escuridão me toma outra vez. Abro meus olhos. Estou sozinho em uma floresta. Me ponho a correr. A fraca luz do luar passa por entre as copas das árvores e ilumina poucos palmos à minha frente. Tenho medo. Não sei para onde vou. Fujo do que foi e temo o que virá. Lanço olhares rápidos para trás, mas nada consigo enxergar. Então eu corro. Corro sempre em frente sem saber o que me espera. O chão começa a se desfazer por baixo de meus pés. Meu desespero aumenta e sinto que começo a cair. Despencando em um abismo sem fim.
São muitas as vozes
-
São muitas as vozes
Ouvidas diariamente:
Algumas passam de longe,
Outras te dão bom dia,
Algumas só percorrem a mente.
Tem a voz macia de quem você estima,
...
Há 7 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário