sábado, 7 de janeiro de 2012

Aqueles tempos que não voltam

Houve uma época em que eu era livre. Ainda sou livre, sim, mas em um sentido mais comportado, dentro das regras repreensoras estabelecidas por nossa sociedade. Eu sou livre mas não me sinto assim. A liberdade perdida a que me referi era a liberdade de fazer o que eu queria na hora em que eu queria do jeito que eu queria, e ter a certeza de que no dia seguinte eu poderia encarar qualquer desafio e logo após fazer tudo aquilo denovo e mais ainda. E a pior parte é que eu não fui forçado a ser assim, apenas "aconteceu". Eu me divertia todo dia, voltava tarde para casa, chegava bêbado e me jogava na cama sem me preocupar com o dia de amanhã. Não me entenda mal, eu tinha reponsabilidades, mas eu conseguia aproveitar a vida mesmo nessas condições. E agora? Me vejo em casa em uma puta sexta-feira, indo dormir cedo, vestindo camisetas pólo listradas e brigando no tapa com meus gatos pelo meu prato de comida. Que vida é essa? Eu me olho no espelho e não me reconheço. Eu não sou eu, sou apenas mais um no meio dessa sociedade de fast-foods e cartões de crédito. Eu era conhecido por todos, estava em todos os lugares, e era independente. Ainda não devo satisfação pra ninguém, mas me vejo preso aos costumes e deveres que eu mesmo me impus. Quem sou eu? Não sou mais aquele cara do qual eu me orgulhava. Tenho vergonha de mim mesmo. Se eu ao menos soubesse em qual ponto minha vida tomou esse rumo, talvez entenderia, e aceitasse. Ou até mesmo conseguiria mudar. Ser alguém mais condizente com o que eu deveria ser. Mas não sei para onde ir. Nunca soube. Mas isso me cabia bem, agora não mais. Preciso. Antes não. Antes tudo eu apenas queria, e conseguia. Acho que estou ficando velho.

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