Seu coração era grande demais, era o que diziam. Se apaixonava fácil e se entregava completamente a quem correspondia. Vivia cada momento como se fosse o último e era feliz pelo tempo que permitiam. Mas as pessoas têm o dom de estragarem o que é bom. E cada nova decepção levava consigo um pedaço do seu coração. Sentia um vazio se instalando silenciosamente em seu peito, mas não tinha idéia ao que estava sujeito. Seu primeiro contato com sua maldição foi em uma noite de verão. Tentando se reconciliar, levou à sua amada rosas sob a luz do luar. Mas quando o seu amor ela negou, seu presente em sua mão definhou. A partir desse dia, tudo que ele tocava morria. No começo eram apenas coisas pequenas. Flores, algumas frutas, e até mesmo o seu peixinho, que antes cuidava com tanto carinho. Tomando a devida precaução continuava sua vida sem muita preocupação. Mas infelizmente as decepções não paravam, e seu vazio apenas aumentava. Seu problema cresceu até que um dia por suas mãos seu cachorro morreu. Decidiu se isolar, e a todos começou a afastar. Mas como de nada nessa vida podemos escapar, o amor novamente conseguiu o encontrar. Se convenceu de que com ela diferente seria, e que a felicidade finalmente encontraria. Viveram momentos maravilhosos juntos, tudo era perfeito enquanto estavam em conjunto. Um dia, na intenção de lhe fazer uma surpresa, preparou um jantar e ficou esperando na mesa. Ela, que por nada esperava, chegou em casa com outro que a carregava. Ele, diante de tanto enjeito, sentiu uma dor dilacerante atravessando o seu peito. Levantou-se, e sem mesmo bradar, o outro se pôs a expulsar. Agora sozinhos, virou para a moça, e nela bateu com força. Ao lhe encostar pra tentar explicar seu corpo começou a murchar. Não parou de emagrecer até seu osso aparecer. E quando nele ela tentou segurar sua pele começou a desabar. Enquanto ela agonizava de dor ele observava com terror e o que antes era a sua amada agora não passava de uma ossada. Destruído pelo que havia feito novamente se isolou, agora em seu leito. Ali permaneceu, sem nenhum tipo de alimento, apenas na espera de seu último lamento. Passou seus últimos dias se culpando por aquele dom que o estava assombrando. Fechou os olhos e se deixou levar pra onde a paz pudesse enfim encontrar.
São muitas as vozes
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São muitas as vozes
Ouvidas diariamente:
Algumas passam de longe,
Outras te dão bom dia,
Algumas só percorrem a mente.
Tem a voz macia de quem você estima,
...
Há 7 anos
Um comentário:
Pesado esse.. :(
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